A cadeia global de valor transformou o comércio internacional. As empresas distribuíram suas operações ao redor do mundo para ganhar competitividade e o mesmo tem ocorrido no setor espacial. Por isso, foi tão relevante a discussão do primeiro painel de hoje do Fórum da Indústria Espacial Brasileira.
Caroline Colbert, assistente editorial do Radar, moderou a conversa sobre como as empresas brasileiras podem fazer parte desta cadeia e o que podem fazer para vender no exterior.
Nesse sentido, os convidados abordaram oportunidades existentes neste setor fora no Brasil. Erin Siltman, gerente de desenvolvimento de negócios na Space Florida, contou que a empresa criou um laboratório de espaço e ciência, destinado às empresas que queiram começar uma extensão até a Flórida ou se estabelecer nos EUA. O espaço ainda oferece estrutura e equipamentos que proporcionem o desenvolvimento de suas atividades. A Space Florida tem também um fundo de investimento de US$ 5 a 7 milhões, disponível para empresas que queiram se instalar no país.
Até empresas consolidadas em outras áreas estão explorando os potenciais do espaço. É o caso da PwC, que hoje também atua na consultoria de impactos econômicos e sociais de programas espaciais, cadeia de valores no espaço, análise de estratégia de mercado, entre outros dados relacionados ao segmento espacial. Yann Perrot , gerente da PwC France, abordou os impactos da Covid-19 nos investimentos no setor, já que todos estão mais cautelosos sobre o comportamento da economia durante a pandemia. Para ele, o setor espacial foi o mais afetado pelo cenário atual.
As tecnologias digitais também beneficiam os domínios espaciais e há uma nova dinâmica de mercado relacionado à análise de big data. Está sendo cada vez mais impulsionado por companhias que desejam explorar esses dados em pesquisas no seto espacial, o que reforça a tendência das tecnologias digitais e impulsiona a cadeia de valor.
Por fim, os participantes explicaram que um ponto crucial para que uma empresa se torne fornecedora internacional é que suas políticas específicas não “batam de frente” com as políticas internacionais.
Inteligência artificial
À tarde, a conversa girou em torno das Novas Aplicações, tema do painel moderado por Andrea Cabello, professora de economia da Universidade de Brasília.
Herbert Kimura, professor da UnB, demonstrou as aplicações de inteligência artificial na área da robótica e manufatura, além da produção de satélites, espaçonaves e análise de dados por imagens para identificação de aspectos climáticos, focos de incêndio, desastres ambientais, entre outros. A IA também pode ser aplicada em sensoriamentos para análises por meio de telescópios e observatórios e representação 3D de asteroides e modelagem de objetos próximos à Terra.
A inteligência artificial também tem aplicação no espaço de forma direta, por meio do controle de navegação, gestão de lixo espacial, definição de regras de exploração e navegação espacial, análise de perfil de astronautas, tratamento médico e interação com astronautas.
Flávio Basilio, economista do Banco do Brasil, falou da aplicação de tecnologias no sistema bancário e nas transformações digitais que sofreu nos últimos tempos. Ele enumerou cinco pilares da transformação sofrida no sistema bancário: capilaridade da rede de atendimento, estrutura de oferta de serviços, facilidade nos meios de pagamento, monopólio dos dados dos clientes e capacidade de criar moedas e promover empréstimos.
Basílio também lembrou o PIX, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos que deve substituir o TED e o DOC, como resultado de aplicação de inteligência artificial.