Não há dúvidas de que o conceito de indústria 4.0 e todas as tecnologias são um pilar de sustentação da indústria brasileira e fundamentais para alavancar a participação da indústria no PIB, que vem perdendo força nas últimas décadas. Essa foi a premissa de Carlos Sakuramoto, gerente de inovação da General Motors, que moderou o painel A relação de maior eficiência das máquinas e sistemas na competitividade global.
Para trazer luz aos grandes desafios da produção industrial do Brasil, Sakuramoto dividiu a conversa com Fernando Loureiro, CEO da Seed Tecnologia, Luiz Menegocci, agente de transformação digital e entusiasta em inovação da Oracle e Marcio Bracco, gerente de vendas VNC para América Latina da Westicon – VMWare.
O bate-papo abordou grandes temas que devem dominar a discussão nos próximos anos.
Cloud computing e Edge computing
É uma grande tendência: diversas áreas das empresas, como logística, processos de retaguarda, marketing e vendas, estão migrando seus processos para a nuvem. E isso acontece não somente pelo custo de manutenção mas também pelo custo da inovação – é preciso lembrar que manter muitas pessoas altamente capacitadas dentro das organizações custa caro e nenhuma empresa no mundo consegue se dar ao luxo de fazer isso.
É claro que a solução não está somente em não ter mais equipamentos servidores na organização. É preciso mudar a forma como se consome esses serviços e entender que software é um serviço (e não um produto).
Já a computação mais próxima ao chão de fábrica faz parte de um movimento de modernização dos equipamentos, que já saem das indústrias com sensores que geram grandes volumes de informação. A edge computing se consolida como o próximo passo da Internet das Coisas e é parte das tecnologias que processam dados e resolvem questões da produção de forma mais inteligente.
Integração
Dizer que sistemas de logística sofrem com falta de integração pode parecer estranho, mas é uma realidade no Brasil. Por conta de diversos cenários – desde a grande empresa que adquire pequenas e precisam estar alinhadas até empresas que precisam integrar tecnologias a todo o sistema. De nada adianta, afinal, ter QR code no almoxarifado se os dados não conversam com todos os sistemas integrativos da fábrica.
O grande desafio é que o processo de logística deixou de ser linear há muito tempo. A ideia do caminho linear e contíguo do produto não faz mais sentido em um mundo em que as redes sociais alimentam engenharia e planejamento com as demandas do consumidor e medem a aceitação do produto em tempo real; quando os produtos são encarados como serviços, para manter o relacionamento com a marca no longo prazo e quando se vive em uma economia circular, em que processos de sustentabilidade e reciclagem precisam estar na pauta.
Dados
Todas as empresas trabalham hoje com um volume exponencial de dados. Para lidar com uma quantidade gigantesca de informação que não basta apenas a automação. É preciso saber o que fazer com a informação e os profissionais precisam ser um pouco cientistas de dados também.
Pequenas e médias empresas
Apesar do cenário tão complexo, há uma certeza: a de que tecnologia é um fator de produtividade e competitividade, como colocou Bruno Jorge, head de indústria 4.0 da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Jorge moderou o segundo painel do dia, com o tema Quebrando barreiras e implementando tecnologias autônomas em pequenas e médias indústrias.
Para Andre Corsetti, diretor da Omega7 Systems, e Eduardo Piloto, proprietário da TechAI, a tecnologia precisa servir a um propósito e servir a uma boa gestão para, dessa forma, contribuir para a produtividade e competitividade.
Um dos caminhos apontados para isso é a conexão entre grandes e pequenas empresas, com parcerias que trazem ganhos para todos.
É por meio da conexão e sinergia entre as indústrias que os negócios vão crescer. “Se você é pequeno, terá de se aglomerar em um sistema maior que tenha uma base de serviços que você não consegue desenvolver sozinho”, disse Corsetti.
É a forma compartilhada de produzir e entregar que vai otimizar custos das empresas daqui para a frente. A indústria 4.0 favorece essa cadeia produtiva que envolve vários atores de todos os portes, oferecendo segurança e eficiência no atendimento de demandas globais e locais.
Para conectar todos, o papel dos parques tecnológicos, das associações e das cidades é fundamental. É nesse ecossistema que pequenas e médias empresas terão espaço para crescer e mostrar seu potencial.