O executivo Jeferson Cheriegate, 48 anos, já morou em dez cidades ao redor do mundo e, agora, chega a São José dos Campos para estar à frente do Parque Tecnológico São José dos Campos, onde assumiu o cargo de diretor-geral no dia 10 de janeiro.
Para gerir o PqTec, Jeferson traz a experiência profissional desenvolvida em empresas de bens de consumo e de serviços e em órgãos governamentais, em instituições de diferentes portes e focos de atuação. Ao longo da carreira, elaborou e implementou diferentes estratégias e planos de negócios, formou times de alta performance, liderou startups, participou ativamente de processos de fusões e aquisições e de integração.
Formado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui diploma em Administração de Empresa, tendo estudado na Kensington College of Business, em Londres, fez MBA Executivo na Fundação Dom Cabral e participou do Programa de Educação Executiva Internacional (PMD) da IESE Business School.
Em uma conversa com a equipe de comunicação do Parque Tecnológico, Jeferson conta o que o motivou a vir para o Parque e como ele enxerga o futuro da instituição. Leia mais abaixo.
Por que escolheu o Parque Tecnológico e em São José dos Campos?
O que mais me atraiu é o propósito de devolver à sociedade um ecossistema que gera emprego, riqueza, atrai universidades e forma mão de obra qualificada. Tudo o que nós desenvolvemos aqui tem um impacto na cadeia nacional e no Estado, não se restringindo apenas ao município.
Quais são suas expectativas aqui no Parque?
Do ponto de vista profissional, é contribuir para o ecossistema com a minha experiência e vivência e aplicar meu conhecimento, alinhado ao time, para ampliar o impacto do Parque tanto em nível nacional quanto internacional, a metodologia criada pela Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos. A ideia é avaliar todas as entregas que temos para a sociedade, analisar os indicadores do PqTec e ver onde podemos ampliar isso. Do ponto de vista pessoal, é oferecer mais qualidade de vida à minha família – sou casado e tenho três filhos. São José oferece uma qualidade de vida enorme e oportunidades muito boas.
Como você vê o nosso ecossistema de inovação e empreendedorismo?
Se tem um lugar que podemos pegar toda a expertise e expandir é aqui. Esse momento que a gente tem agora é perfeito, o Conselho da Associação está trabalhando em conjunto com a gente na definição de uma estratégia de longo prazo para a instituição e para o Parque. Há um know-how de ecossistema aqui cuja matriz não se encontra em nenhum lugar do Brasil e temos muito a crescer.
Por que você acha que a gente tem esse diferencial com relação a outros ambientes de inovação e outros parques?
Nós temos 15 anos de conhecimento e estamos em uma cidade que fornece produtos de altíssimo valor agregado para o país. Não existe outra cidade igual no Brasil, em termos de inovação de produtos ou industriais. São José tem um local de fala autêntico, nós falamos com propriedade sobre tecnologia e inovação. Além de já existir uma relação entre São José com tecnologia e inovação, temos ainda uma pluralidade de setores, agentes públicos e academia.
Quais foram os seus maiores aprendizados na carreira?
A Unilever foi a minha formação, comecei como trainee e saí como diretor. Foram anos de formação e treinamento em liderança e negócios, entre outros. Depois tive dois momentos profissionais desafiadores: um foi trabalhar em uma multinacional sul-africana, que era uma startup de tecnologia de processos de pessoas, que ainda não existia no Brasil, e basicamente precisei montar essa startup no Brasil. Outra foi como diretor de negócios da Valec, onde desenvolvi uma nova diretoria de negócios, criei um pipeline de receitas, precisei estruturar a diretoria, superintendências, gerencias e todos os seus processos. Para mim, a parte de negócios era simples, o difícil era mudar o mindset das pessoas dentro da empresa, sobre como implementar processos de inovação dentro da empresa pública. Foi uma experiência fantástica.
E como você resumiria esses aprendizados em liderar equipe e empresas?
Eu tenho uma grande capacidade de adaptação, porque a minha vida inteira foi assim, profissional e pessoal. Eu já trabalhei em multinacionais, em empresas nacionais, gigantes, médias e pequenas, privadas e públicas de setores diferentes. São José é a 10ª cidade em que moro e estou na minha 25ª residência. Eu mudei muito e isso me permite ter uma grande capacidade de entendimento do comportamento humano, sobre como lidar com pessoas diferentes e como incluir talentos diversos para fazer com que o time produza mais e com qualidade.
Você tem algum livro de cabeceira?
“A Startup Enxuta”, de Eric Ries, é um clássico. Mostra que a lógica de raciocínio entre uma grande indústria é completamente diferente de uma startup. Quando a gente trabalha em uma indústria grande tem muita coisa na cabeça sobre escala, fazer padronização de processos etc. E a lógica da startup é completamente diferente: nesse caso, o foco é como conseguir mais faturamento, reduzir custos, validar conhecimento… o menor custo ou a maior velocidade para validar esse conhecimento para crescer etc. Esse é o contraste entre uma empresa que já tem 100 anos de existência e uma startup – são formas de pensar muito diferentes.
O “Transformando Suor em Ouro” é outro ótimo livro, escrito pelo Bernardinho. Ele tem muito conhecimento de liderança, é teórico, é um cara que estuda muito – tive a oportunidade de conviver com ele quando treinou o time Rexona. Para ter a genialidade de adaptar seu jeito de liderança de acordo com a situação é preciso muito estudo e cabeça aberta e Bernardinho tem isso.
Um filme?
Meia noite em Paris (Woody Allen) e A Cor Púrpura (Steven Spielberg). Você não perguntou de música, mas amo jazz, bossa-nova e MPB.