Em meio à sua saída para a AEB (Agência Espacial Brasileira), o diretor geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos, José Raimundo Coelho, lançou um projeto ambicioso para o futuro da instituição: criar uma cidade tecnológica de até 200 mil pessoas dentro dos domínios do parque nos próximos 20 anos.
Para alcançar tal meta, Coelho conta com o lançamento de novos centros de pesquisa, instituições de ensino e áreas de serviço para suportar a chegada de novas empresas ao local.
Atualmente, pouco mais de 2.000 pessoas atuam em 1,5 milhão de metros quadrados de área construída do Parque –o terreno total é de 25 milhões de metros quadrados, às margens da rodovia Presidente Dutra.
Quando falo de 150 mil a 200 mil pessoas no Parque, não me refiro a moradores, mas a pessoas trabalhando, estudantes e prestadores de serviço, disse Coelho.
Entre os novos empreendimentos da instituição, destaca-se o Parque das Universidades, que deverá receber nos próximos anos até sete instituições de ensino.
Educação. Além da Fatec (Faculdade Técnica) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), já presentes no Parque, Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), UAB (Universidade Aberta do Brasil), Unifei (Universidade Federal de Itajubá) têm tratativas para se instalarem no local.
Segundo Coelho, depois de pronto, o Parque das Universidades terá estrutura para receber 20 mil alunos.
Inovação. Com investimento de R$ 100 milhões, outra aposta do Parque é o LEL (Laboratório de Estruturas Leves), fruto de uma parceria entre Embraer, ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e o IPT (Institutos de Pesquisas Tecnológicas).
Com estrutura já pronta, o laboratório deve funcionar a todo vapor a partir do início do ano que vem no desenvolvimento de materiais compostos, estrutura base da fuselagem dos aviões.
De acordo com Coelho, a Petrobras também estaria interessada no LEL.
Aqueles tubos utilizados para retirar petróleo a 2.000 metros de profundidade têm que ser construídos de material composto, é uma peça chave. Não tem nada igual (ao LEL) no hemisfério sul, afirmou o diretor do Parque.
Atrativo. Para atender à demanda de novas empresas, o Parque lançou no final do ano passado o Centro Empresarial 2, com capacidade para abrigar 50 novas empresas.
As obras para a construção do prédio de 10 mil metros quadrados estão previstas para começar dentro dos próximos 45 dias.
Ainda este mês, o Parque recebe o centro de TI (Tecnologia da Informação) da Ericsson, que será instalado em uma estrutura de 400 metros quadrados, fora do Centro Comercial 1.
Atualmente, o Parque conta com cerca de 40 empresas de diversos segmentos.
ENTREVISTA: José Raimundo, diretor do parque
Novos prédios terão DNA do parque
Qual sua avaliação sobre seu primeiro ano de direção do Parque completado este mês?
Super positiva. Primeiro porque fomos capazes de formar uma equipe escolhendo a dedo um por um. Nesse ultimo ano, começarmos a colher os frutos que plantamos no passado. Um dos grandes pilares do Parque era poder trazer médias e pequenas empresas e, nesse ano que passou, terminamos a obra que nos permitiu instalar 25 empresas. O protótipo do Parque está totalmente qualificado e já estamos lançando o segundo centro para 50 novas empresas.
Chegar a 200 mil pessoas trabalhando ou estudando no Parque é um projeto ou um sonho?
É um projeto iniciado desde quando eu e o (ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Marco Antonio) Raupp assumimos a direção do Parque. Se as coisas continuarem a acontecer como estão, temos uma boa chance de isso acontecer dentro de 15 a 20 anos.
Quais os principais desafios para atingir essa meta?
O maior desafio não está relacionado com as atividades que somos especialistas, e sim no setor imobiliário. Estamos enfrentando esse desafio, fazendo com que empresários entendam a importância que o Parque terá no futuro e que, portanto, invistam aqui dando condições de infraestrutura para as empresas. Hoje, temos 50 iniciativas que não estão conosco porque não temos espaço. Precisamos de agentes privados para construção de hoteis, shoppings centers e prédios. Essas novos prédios terão o DNA do Parque, que é de inovação. A demanda é impressionante.
A tendência é que o Parque se diversifique cada vez mais? Há um setor específico que desperte interesse de parcerias?
A área de petróleo e gás é uma área fundamental e tem uma atividade muito forte na bacia de Santos. Vai ser natural que se tente aproveitar o desenvolvimento tecnológico de São José para essa área. Há muito tempo fomos atrás da Petrobras e fizemos várias tentativas, algumas certas outras nem tanto. Seguiremos nesse objetivo e acho que ele está próximo. O Parque é um ambiente de convergência muito forte.
Fonte: Jornal O Vale