O próximo ano será de investimento em inovação nas micro e pequenas empresas. Quem afirma é o presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Luiz Barretto.
O primeiro passo será dobrar o número de agentes que acompanham negócios e sugerem soluções durante dois anos. A ideia é passar de 500 para 1.000 especialistas. A área também deve receber investimento de R$ 800 milhões nos próximos três anos, segundo Barretto.
Em entrevista à Folha, ele adianta as novidades em inovação e faz um balanço sobre a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que completa cinco anos neste mês.
Folha – O que motiva o empreendedorismo no país?
Luiz Barretto – Um dos motivos é o Supersimples, que conseguimos atualizar [houve redução de tributação para pequenas empresas] em 2011. Outro aspecto é a melhora da economia. O Brasil ainda vive um momento especial. O último é a capacitação -o empresário brasileiro tem feito mais treinamento e melhorado o grau de educação formal da mão de obra. Antes, ele era centrado no ensino fundamental. Agora, 51% dos donos de pequenos negócios têm ensino médio.
Hoje, 73% das empresas sobrevivem nos dois primeiros anos. Há dez anos, esse índice era em torno de 50%. O grau de sustentabilidade melhorou. Não significa que está tudo uma maravilha, mas os indicadores demonstram essa perspectiva. A cada três empresas abertas, duas são por oportunidade e uma por necessidade.
Hoje 27% das micro e pequenas empresas fecham nos dois primeiros anos de vida. O que as faz sucumbir?
Isso é natural em países capitalistas, e é bom que ocorra. A média mundial é de 20%. Uma parte da mortalidade vem de quem empreende por necessidade: não faz um bom plano e não tem capital. É natural que a gente baixe esse índice para 24%, mas abaixo de 20% é difícil.
O que ainda impede o crescimento das microempresas?
O crédito melhorou muito, mas é insuficiente. Temos de pensar no microempreendedor individual e no microempresário -aumentar as possibilidades de ter crédito facilitado e de ter um regime que não é somente baseado em juros mais baixos. Nas questões trabalhistas, as grandes e as pequenas empresas pagam os mesmos encargos. Talvez uma agenda moderna seja criar um “Simples trabalhista”. A inovação é outro tema importante, não apenas do ponto de vista tecnológico, mas do de gestão.
O conceito de inovação ainda não é pouco palpável?
O conceito de inovação não é tese sociológica, mas questão de sobrevivência. Inovar significa ganhar competitividade. Não é apenas inovação em produtos, mas em gestão.
Como está a agenda de inovação do Sebrae?
Investiremos R$ 800 milhões em inovação nos próximos três anos. Tínhamos a meta de atender a 30 mil empresas neste ano e chegamos a 48 mil. Queremos atender a 70 mil em 2012.
Estamos reforçando o trabalho do ALI [agente local de inovação, que acompanha empresas por dois anos]. Pretendemos dobrar de 500 para 1.000 agentes. Acompanhando microempresas, temos 1.200 agentes de negócios. Quero aumentar esse número em pelo menos 20% em 2012.
A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa completa cinco anos neste mês. Quais os ganhos e o que precisa mudar?
O balanço é positivo. A tese de que um regime tributário diferenciado diminui arrecadação [porque reduz encargos de pequenas empresas] foi uma falácia, porque a formalização cresceu. Há cinco anos, 1,5 milhão de empresas estava enquadrada no Simples; hoje são quase 6 milhões.
http://classificados.folha.com.br/negocios/1019417-projetos-em-inovacao-sao-foco-em-2012.shtml
Fonte: Folha de São Paulo