Saul Singer, coautor de livro sobre a economia de Israel: tecnologia é apenas parte da inovação, e não a mesma coisa
Não são poucos os exemplos de empresas de tecnologia que figuram no topo da lista das companhias mais admiradas do mundo. Nomes como Facebook e Apple levam muita gente a pensar: por que essas empresas alcançaram tamanho sucesso? Tecnologia não é a principal resposta, afinal já existiam outras redes sociais e fabricantes de celulares antes dessas companhias surgirem. Uma ‘ideia inovadora’, porém, é o elemento que explica, em grande parte, esse tipo de fenômeno.
“A tecnologia é apenas parte da inovação, e não a mesma coisa”, afirmou ao ValorSaul Singer, especialista em inovação e coautor do livro “Nação Empreendedora: o milagre econômico de Israel e o que ele nos ensinou”, durante visita ao Brasil na semana passada.
Pode até parecer simplista pensar que um bom negócio depende, principalmente, de uma ideia inovadora. De acordo com Singer, porém, é esse tipo de prerrogativa que deve nortear as estratégias de empreendedores no Brasil e em outros países. “Quando as pessoas pensam em inovar, elas têm de pensar em muitas coisas além da tecnologia”, diz.
No caso do Brasil, a “energia criativa” – como Singer costuma chamar a capacidade de inovar – está longe de ser um problema, afirma o especialista. “Apesar dos aspectos jurídicos e de questões regulatórias, a energia criativa de países como o Brasil os coloca um passo à frente dos demais para o desenvolvimento de empresas novatas”, afirma Singer.
Mas há coisas que podem ser feitas para tornar a vida dos empreendedores brasileiros menos complicada, avalia o especialista. “Todo mundo sabe o quanto é difícil abrir uma empresa e todos os outros empecilhos existentes. Não é preciso investir milhões em tecnologia para ser um país mais inovador, mas simplesmente mover esse tipo de obstáculo”, diz.
A exemplo do Vale do Silício, nos EUA, Singer diz acreditar que os locais com mais chances de ter uma subcultura de inovação no Brasil são o Rio de Janeiro e São Paulo.
No Brasil, a associação de grandes companhias de tecnologia com novatas poderia ser um modelo de sucesso, diz Singer. Em Israel, companhias americanas como Intel e IBM uniram-se a iniciantes.
Fonte: Valor Econômico