Ingressar na economia verde ainda é uma missão difícil. Os empresários que apostam na sustentabilidade enfrentam o desafio de “catequizar” os clientes para adoção de soluções, serviços e produtos que garantam eficiência e, ao mesmo tempo, proteção ambiental. “É difícil mudar hábitos e conquistar a confiança para introduzir uma nova forma de operação”, comenta Marcos Balbi, fundador da Olearys, especializada em técnicas agrícolas de precisão.
Engenheiro agrônomo, Balbi iniciou a carreira na indústria de agrotóxicos. Percebeu que, por falta de informação, os agricultores se acostumaram a usar os procedimentos de aplicação propostos pelos fabricantes. “Existe um calendário sugerindo a aplicação e, na maior parte das lavouras, usa-se mais veneno que o necessário.”
Para resolver a questão, o empresário apostou na observação do clima, unindo tradição milenar na agricultura com ciência e tecnologia. “Sabemos que algumas pragas precisam de uma certa condição meteorológica para se desenvolver. A partir das informações climáticas colhidas nas lavouras, é possível determinar a hora ideal de aplicar os defensivos”, explica. A técnica, além de sustentável, é mais econômica e ajudar a produzir alimentos mais saudáveis. Com o serviço, a Olearys faturou R$ 6 milhões em 2011.
A solução funciona a partir da instalação de estações de coleta de dados nos campos. Esses equipamentos se comunicam com uma central por telefonia celular ou sinal de satélite. Com sistemas avançados de tecnologia da informação, é possível fazer a análise em tempo real e dar alerta para a aplicar os defensivos, ampliando a produtividade. A Olearys instala o equipamento e o agricultor paga apenas pelo uso
O plano de aceleração inclui a busca por um investidor, empreitada nada trivial para quem tem os olhos voltados para a sustentabilidade. Balbi reclama que os investidores querem um negócio pronto para crescer rapidamente e, em geral, buscam empresas nas quais os sócios abram mão da participação na hora da venda. “Eu quero contribuir para um futuro sustentável e esbarro na visão de curto prazo do investidor.”
Fonte: Valor Econômico