O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Nacionais (Cemaden/MCTI) está operando oficialmente do Parque Tecnológico São José dos Campos. As novas instalações foram inauguradas no sábado (28) em cerimônia que contou com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, que deu posse ao novo diretor do Cemaden, Carlos Nobre.
O ministro conheceu a infraestrutura do centro e o funcionamento do Setor de Operação e Modelagem (Sala de Situação), que monitora 888 municípios com histórico de desastres naturais 24 horas por dia. “O Cemaden tem uma função social. Ele protege a vida, o bem-estar da sociedade e o patrimônio de pessoas mais pobres, que são as que moram em locais de risco”, avaliou o ministro. “Desejo ao Carlos Nobre sucesso na consolidação e ampliação das atividades do centro, evitando que a população seja surpreendida.”
Durante o discurso de posse, o diretor do Cemaden ressaltou que atualmente cerca de 5 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco. Segundo Nobre, a integração entre diversas instituições do governo federal criou um “novo arcabouço de conhecimentos aplicados à prevenção de desastres naturais”.
O centro tem como objetivo principal contribuir para que se evitem mortes acarretadas por extremos como inundações, longos períodos de estiagem e deslizamentos de terra e diminuir a vulnerabilidade social, ambiental e econômica decorrente deles. Para isso, apoia-se em uma rede de observação composta hoje por nove radares, 2.267 pluviômetros automáticos e 960 semiautomáticos (cuja operação envolve comunitários) e 115 estações hidrológicas, entre outros equipamentos.
Aldo ressaltou ainda que o Cemaden é uma importante ferramenta para o desenvolvimento do País. “O centro ajuda a proteger a economia, a produção da agricultura e da indústria, a infraestrutura do País, a logística, principalmente de transporte, e o interesse público. Governos municipais, estaduais e federal poderão mobilizar seus meios sempre que houver riscos de desastres naturais”, disse.
Na Sala de Situação, 42 tecnologistas se revezam para analisar dados hidrológicos, meteorológicos e geológicos, além de monitorar redes sociais e câmeras públicas de governos municipais e estaduais, para emitir alertas de desastres naturais ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), auxiliando o Sistema Nacional de Defesa Civil. De 2011 a até quarta-feira (25), foram emitidos 2.939 alertas, sendo 347 apenas neste ano.
Participaram da solenidade o diretor-geral do Parque Tecnológico, Marco Antonio Raupp; o prefeito Carlinhos Almeida; o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu; o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Armando Milioni; o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), José Raimundo Braga Coelho; e os diretores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Leonel Perondi, e do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), Victor Mammana.
Projetos e expansão
Também durante a cerimônia de inauguração da nova sede do Cemaden, foi lançado o Projeto de Monitoramento do Sistema Cantareira. A iniciativa foi desenvolvida a partir de março de 2014, quando foram observadas chuvas abaixo da média climatológica na Região Sudeste, afetando o nível de água armazenada no Sistema Cantareira. Trinta e três pluviômetros automáticos foram instalados na bacia do sistema. Eles enviam dados a cada dez minutos para o centro.
Desde 23 de janeiro, o Cemaden publica semanalmente relatórios sobre a situação atual e a evolução do armazenamento de água do Sistema Cantareira. O documento também contém cenários possíveis, que consideram a quantidade de água armazenada, a série histórica de precipitação na Bacia do Cantareira e o volume de chuvas atual e previstas, para que gestores públicos possam gerenciar melhor o sistema, responsável atualmente pelo abastecimento de 6,2 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo.
O diretor do Cemaden enfatizou que o objetivo é expandir as redes de observação. “O centro tem hoje a maior rede de pluviômetros do Brasil e vamos instalar ainda neste ano mais 1.200 equipamentos desse tipo, 600 sensores de umidade do solo e chuva no Semiárido do Nordeste e mais radares meteorológicos para dar um alerta de melhor qualidade”, destacou Nobre.