Projetos desenvolvidos por empresas instaladas no Parque Tecnológico de São José pretendem transformar a tecnologia em grande aliada do produtor rural.
Os projetos têm como principal foco o emprego de aeronaves não tripuladas e sensores para o monitoramento das colheitas e mapeamento das áreas.
A Flight Technologies é um exemplo de empresa que está mudando o foco para o setor agrícola. Criada em 2007, a companhia trabalha atualmente com o desenvolvimento de um modelo de Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado).
Aviões. Segundo Benedito Maciel, diretor de engenharia da Flight, as primeiras demandas de aviões não tripulados foram para a vigilância de fronteiras e que só agora começaram os estudos para transformar esse veículo em uma tecnologia para o setor rural.
Fabricamos uma aeronave com 70 quilos e agora começamos a fazer um avião com 6 quilos. Assim, o lançamento pode ser feito com as mãos, não precisa de uma pista para isso, afirmou.
As aeronaves pequenas estão sendo testadas para carregar uma câmera. O plano é que a aeronave faça fotos em alta definição da plantação.
Às vezes, as imagens de satélite são ruins e o produtor precisa de uma qualidade melhor para verificar como está sua plantação.
O projeto, porém, ainda precisa de autorizações para ser lançado oficialmente.
Precisamos de uma autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas já estamos viabilizando isso, afirmou Maciel.
Monitoramento. Outra tecnologia desenvolvida em São José, esta pela Olearys, trabalha com monitoramento de clima e também com o manejo de irrigação do solo.
Com aparelhos colocados dentro das lavouras, é possível captar informações sobre umidade do solo, radiação solar e temperatura ambiente. Esses dados são enviados para um servidor e, depois de processados, estarão disponíveis no portal da empresa para consulta dos produtores rurais.
Dependendo do que ele cultivar, ele vai saber quando pode fazer a irrigação, quando pode aplicar produtos, afirmou Vitor Balbi, coordenador de soluções industriais da Olearys.
O próximo passo é fazer com que essas informações sejam acessadas pelo celular. Vamos lançar no final desse mês o aplicativo Tree App. A intenção é abranger micros e pequenos produtores, disse Balbi.
Aumento. Para o engenheiro agrônomo Pedro Amadei, a tendência é que o uso dessas ferramentas tecnológicas aumente com o passar do tempo.
Aqui no Vale já temos o uso de alguns recursos. É importante que o produtor olhe para o futuro e pense no custo-benefício, disse.
NO CAMPO
Falta de mão de obra atrapalha produtores
Os agricultores no Vale do Paraíba são favoráveis e até se empolgam com a ideia de usar recursos tecnológicos para auxiliar na produção. Porém, ainda existem algumas limitações para o uso.
Thiago Ribeiro, 33 anos, trabalha há seis com criação de cordeiro e produção de feno em Pindamonhangaba. Na sua produção existem aparelhos que o ajudam no monitoramento de clima e no ultra som das ovelhas. Mas para ter tudo isso, é preciso investir alto.
Eu mesmo tenho um aparelho que tive que importar dos Estados Unidos. Foi um investimento necessário, mas que pesou um pouco porque eles são muito caros, afirmou.
Para Pereira, outro motivo que dificulta implementação desses recursos é a falta de mão de obra especializada para operar os aparelhos.
Hoje tenho dois empregados, mas não posso largar os dois sozinhos e fazer outra coisa. Tenho que participar também. Acho que é por isso que muitos produtores não investem como deveriam, disse.
SAIBA MAIS
Tenologia
Em São José, duas empresas instaladas no Parque Tecnológico estão desenvolvendo novos aparelhos que visam auxiliar os produtores rurais, seja em monitoramento do clima ou mapeamento de toda a área em que a produção está instalada
Fotografias
A Flight Technologies aposta em um avião não tripulado para fazer o mapeamento da área por meio de fotografias e filmagens por meio de uma câmera que é acoplada no veículo. A aeronave tem 6kgm e é feita de fibra de vidro e pode ser pilotada por telemetria ou controle remoto. A viabilidade do projeto ainda depende da autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
Clima
Já a empresa Olearys trabalha com monitoramento do clima e manejo de irrigação, além de outros serviços. Os dados são coletados por aparelhos colocados no meio da plantação que identificam o clima, a radiação solar e o nível de água do solo. As informações podem ser acessadas pelo site da empresa com uma senha que o produtor recebe. No dia 31 de outubro, será lançado o Tree App, que permite ver os dados pelo celular