A segunda fase do PDCA (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica) foi concluída na última quarta-feira (25) com uma cerimônia no Parque Tecnológico São José dos Campos. O programa teve início em 2014 com o objetivo de melhorar os processos e aumentar a competitividade das empresas brasileiras do setor aeronáutico.
O PDCA é uma inciativa gerida pelo Cluster Aeroespacial Brasileiro, sob a coordenação do Parque Tecnológico São José dos Campos. Outros atores e importantes fomentadores do PDCA são a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Embraer, empresa líder e principal fabricante do mercado aeronáutico nacional.
Ao longo dos quatro anos, foram mais de 3.800 horas de trabalho, entre cursos teóricos, semanas Kaizens e oficinas práticas, que geraram um grande volume de aprendizado para toda a cadeia. Participaram do Programa mais de 70 empresas, a maioria instalada nas regiões Sudeste e Sul do país.
Antes mesmo de ser concluído, os resultados parciais deste trabalho já são mensuráveis. De acordo com Raul Eloi Diniz, gerente de subcontrato da Embraer, nos últimos quatro anos a demanda da Embraer para cadeia nacional aumentou 34%. No mesmo período, houve um crescimento médio de 10% no número de empregos nas empresas do setor.
Durante a cerimônia de encerramento, ele apresentou números que comprovam o aumento da competitividade da cadeia nacional de aeronáutica.
“Se a gente comparar de 2013 pra cá, cresceu 34% a demanda da Embraer pra cadeia nacional da geração do E1, para a geração do E2 houve crescimento de 40% no número de partnumbers fornecido pela cadeia nacional”, disse.
Ele ressaltou ainda que para o avião cargueiro KC-390 foram 13 mil PNs (partnumbers) na base nacional. “E não são só PNs simples, não. São PNs complexas, com grande complexidade de usinagem. Inclusive já começamos a fazer algumas montagens na cadeia nacional. E isso só foi possível porque as empresas foram competitivas”, disse Diniz.
Outro resultado fruto do PDCA é o cumprimento do prazo de entrega das peças. “Em média, de cada 100 pedidos que a Embraer colocava na cadeia nacional em 2013, 16 atrasavam. Tínhamos 84% de ‘on time delivery’. Em 2016, fechamos ‘on time delivery’ de 98,7% , isto significa que, de cada 100 pedidos que a gente colocou na cadeia nacional, apenas 1,3% dos pedidos atrasaram. E, claro, foram entregues no tempo correto, tem que ter qualidade atendendo as normas. Isso é competitividade.
Segundo o gerente, esse desempenho levou a cadeia nacional a uma maior participação nos programas KC e E2 da Embraer. Hoje a cadeia nacional é o maior fornecedor para esses aviões em quantidade de peças. A fabricante de aviões movimenta cerca de 100 mil peças das fornecedoras nacionais por semana.
“Isso é complexo e desafiador. Teremos de estar cada vez mais competitivos, cada vez mais atentos a este padrão. Esse círculo virtuoso tem que continuar”, afirmou Diniz.
Avaliação
Marcelo Nunes, coordenador do Cluster Aeroespacial, afirmou que os números comprovam o impacto positivo do PDCA na cadeia nacional aeronáutica.
“Os números não mentem. As empresas que participaram do programa tiveram um diferencial de produtividade incontestável, tanto pelos empresários, por seus depoimentos e indicadores, como também pela empresa âncora, a Embraer, que demonstrou satisfação com o programa, que reduziu drasticamente o número de apontamentos feitos às empresas”, destacou Marcelo Nunes.
O diretor da Globo Usinagem, Mauro Ferreira, relatou que o PDCA mudou radicalmente sua empresa. “Os resultados foram muito significativos. Houve não apenas uma mudança cultural, mas uma maturidade mesmo. Passamos a ter em mente que é preciso melhorar sempre, só assim teremos mais lucro e maior participação no mercado. E já estamos expandindo, pensando inclusive em investimentos no exterior”, afirmou.
Para Marcelo dos Santos, diretor Industrial da Metinjo, o PDCA proporcionou muitas melhorias na produção, custos e atendimento, principalmente o prazo de entrega de peças para os nossos clientes. Isso aumentou as oportunidades de mercado”.
O diretor de desenvolvimento tecnológico da ABDI, Miguel Neri, contou que os dois ciclos do PDCA contribuíram muito para o fortalecimento da cadeia. “Ao final desse segundo ciclo o saldo que percebemos é que as empresas se estruturaram e conseguem hoje ter ganho no
nível de atendimento. Percebemos também que a cadeia começa a ter mais independência, com possibilidade de vender para outras cadeias ou mesmo se posicionar nas cadeias globais do mesmo setor”, concluiu Neri.