O formato para novos investimentos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) deve ser estabelecido até o final de 2013. Quem afirma é Renato Marques, analista da área de investimentos da agência de fomento, que pretende mudar a forma que apoia as empresas brasileiras. A ideia é que os aportes, hoje indiretos e que beneficiam cerca de cem companhias, sejam feitos diretamente para os empresários, sem passar por fundos.
Hoje, as principais organizações investidas são de áreas como energia, óleo e gás, biotecnologia, saúde e meio ambiente. Especialistas acreditam que a reformulação pode beneficiar mais setores da economia, mas os negócios que pretendem receber recursos devem estar preparados para as operações. A recomendação é manter uma gestão profissional, um modelo de negócio bem definido e planos de expansão que possam atrair potenciais investidores.
Hoje, a Finep faz aportes indiretos que vão para 24 fundos de investimentos, que acumulam R$ 5 bilhões. Desse total, R$ 400 milhões foram injetados pela agência, segundo Marques. Entre os patrocinadores, há investidores privados e estrangeiros, fundos de pensão e o BNDES. Cada fundo investe, em média, em até dez empresas, entre start ups e negócios estabelecidos com faturamentos que vão de zero a R$ 200 milhões, por empresa.
O novo plano da Finep sugere que os investimentos caiam diretamente na conta das empresas. Uma das vantagens é que o modelo possa cobrir negócios que não são necessariamente atraentes para os fundos. Outra facilidade é que não haverá prazo determinado para o investimento, como é hoje, com períodos de injeção de aportes que podem durar até dez anos. “A Finep vai virar sócia das empresas que comprovarem atividades inovadoras e tenham um plano de negócios desenhado. Teríamos R$ 500 milhões para começar a investir nessa nova fase”, diz.
A discussão agora é em que tipo de organização a Finep deverá se enquadrar para irrigar o mercado com aportes. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ao qual a entidade é vinculada, abandonou os planos de transformá-la em um banco de fomento. A conclusão apareceu depois de um levantamento feito pela consultoria Ernst &Young, que mostrou que os custos da nova atuação não cobririam os eventuais benefícios. Uma das tendências é a formação de uma nova companhia ou unidade de gestão de riscos financeiros.
A mudança deve facilitar o acesso dos empresários a novos recursos, segundo Sérgio Risola, diretor da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e da incubadora paulista Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), que reúne 133 empresas de mais de dez setores. “A Finep conhece o mercado de inovação como ninguém. Com mais poder na mão, poderá fazer o que já executa, ainda melhor”.
Na segunda quinzena de outubro, o Cietec promove em São Paulo a Exposição e Conferência de Inovação e Empreendedorismo de Base Tecnológica (Expocietec 2012), que reunirá 40 empresas da incubadora e 20 companhias de seis Estados nas áreas de meio ambiente, medicina e saúde, eletroeletrônicos, química, tecnologia da informação e biotecnologia. “Vamos selecionar até 15 empresas para apresentar seus planos de negócios a investidores”.
Mas as empresas devem se preparar para atrair interessados, diz Adalberto Brandão, chief operating officer (COO) do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). Para ele, o investidor que mais cresceu no Brasil, na área de venture capital, foi o da categoria early stage, dedicado a empreendimentos que não têm um produto com receita e precisam de capital semente ou de investidores-anjo.
Matéria publicada no jornal Valor Econômico
Publicado em 5/10/2012 – Atualizado em 30/12/2020