Cinco empresas vinculadas a programas do Parque Tecnológico São José dos Campos estão diretamente ligadas à Missão Amazonia, responsável por desenvolver e colocar em órbita o Amazonia 1, primeiro satélite de observação da Terra totalmente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil.
A Equatorial Sistemas e a Opto Eletrônica – duas empresas do Grupo Akaer, localizado no núcleo do PqTec, desenvolveram a Câmera WFI, especialmente projetada para monitorar a Amazônia e capturar imagens coloridas de áreas de cerca de 640 mil km², diminuindo o tempo necessário para cobrir toda a floresta. As empresas também desenvolveram o Gravador Digital de Dados, dispositivo resistente à radiação que grava e armazena os dados de imagem coletados nos momentos em que o satélite está fora da visibilidade de estações terrenas, proporcionando flexibilidade à missão.
A Omnisys – subsidiária da Thales no Brasil, residente no Parque, desenvolveu e produziu o Transmissor AWDT Banda X e sua Antena, duas tecnologias que permitem enviar os dados de imagem do satélite para as estações de recepção na Terra. Também foi responsável pelo desenvolvimento do hardware e software de testes da Unidade Remota de Telemetria (RTU), dispositivo que realiza a aquisição remota das telemetrias e a distribuição dos comandos associados aos equipamentos e subsistemas embarcados no satélite.
A empresa Fibraforte, associada ao Cluster Aeroespacial Brasileiro, desenvolveu o subsistema de propulsão, responsável por alterar a velocidade do satélite garantindo a correta inserção e manutenção de sua órbita nominal.
Já a AEL Sistemas, que faz parte do Projeto Setorial Aerospace Brazil, gerido pelo Parque, desenvolveu e fabricou os conversores DC/DC, responsáveis pela conversão dos níveis de tensão elétrica necessários para alimentar os sistemas do satélite.
CAPACITAÇÃO – A participação destas empresas é estratégica e contribui para consolidar o conhecimento brasileiro no ciclo completo de desenvolvimento de satélites. “A Missão Amazonia 1 capacita a indústria nacional em sistemas e subsistemas, aumentando o nível de maturidade e condições de inserção da tecnologia brasileira no mercado espacial global”, explica Michele Cristina Silva Melo, diretora interina de Inteligência Estratégica e Novos Negócios da Agência Espacial Brasileira. “Parque Tecnológico São José dos Campos é um ecossistema de inovação que promove o desenvolvimento de tecnologias espaciais, elevando a capacidade das empresas associadas no cenário espacial nacional e internacional”, acrescenta.
A Missão é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e conduzida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCTI) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI). Tem como objetivo fornecer imagens de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, a agricultura em todo o território nacional e oferecer dados da região costeira, reservatórios de água, florestas e desastres ambientais.
Para o diretor de operações do Parque Tecnológico, José Iram Barbosa, o lançamento comprova a capacidade do Brasil no desenvolvimento de projetos espaciais. “Um dos grandes diferenciais do Amazonia 1 é o conceito de Plataforma Multimissão que otimizará missões futuras. Aproveito para destacar a capacidade das empresas AEL Sistemas, Equatorial Sistemas, Fibraforte, Omnisys e Opto Eletrônica, ligadas ao PqTec, que participaram do desenvolvimento do satélite”.
MERCADO ESPACIAL – Diante deste cenário, o Cluster Aeroespacial Brasileiro estimula o interesse para que mais empresas atuem no setor espacial. “É um momento único para o Brasil. Estamos lançando um satélite comprovando que o nosso país é capaz de produzir tecnologias de alto valor agregado. Queremos ampliar a proporção das nossas empresas que também atuam neste segmento”, afirma Marcelo Nunes, coordenador do Cluster Aeroespacial Brasileiro.
Os investimentos no setor espacial têm crescido globalmente. De acordo com dados da AEB, em 2008 apenas 49 países investiam no setor espacial. Em 2018 esse número aumentou para 72 países e em 2020 são 79 países investindo neste segmento.
A atenção para o espaço vem dos benefícios econômicos que a exploração espacial pode trazer. Tanto dos diretos, que têm origem na cobrança por serviços que usem o espaço como dos indiretos, como dos sinais de satélite usados no agronegócio, meteorologia, desastres naturais, entre tantas outras aplicações.
Há expectativa de que até 2040 a economia espacial atinja o valor de US$1 trilhão e o mercado apenas de veículos lançadores chegue em algo próximo de US$20 bilhões até 2030.